Regeneração do cerrado traz de volta diversidade de mamíferos

Mamíferos de médio e grande porte, ou seja, aqueles que podem pesar pelo menos um quilo, estão de volta a áreas de cerrado em recuperação no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, norte do estado de Minas Gerais. Antes da unidade de conservação ser criada, em 1994, parte da vegetação havia sido derrubada para o plantio de eucaliptos.

“É uma notícia boa, porque mostra que essas áreas tiveram um corte para produzir eucalipto e agora existe uma rica população de mamíferos por lá”, comemora o biólogo Guilherme Braga Ferreira, pesquisador do Instituto Biotrópicos e estudante de doutorado da University College London e do Institute of Zoology, Zoological Society of London.

Em julho, ele e outros colegas publicaram na revista Biotropica os resultados de um estudo que utilizou câmeras automáticas para registrar animais em áreas de cerrado regeneradas e o cerrado maduro, que não sofreu impactos significativos nas últimas quatro décadas. O grupo verificou que mesmo espécies ameaçadas de extinção estavam utilizando a vegetação regenerada, da mesma maneira que usavam o cerrado mais maduro.

Para o biólogo, o resultado tem implicações para outras áreas de cerrado de Minas Gerais degradadas pelo plantio de eucalipto no passado. Em condições favoráveis, de acordo com ele, as áreas de cerrado regeneradas podem se tornar ambientes importantes para mamíferos ameaçados, como lobo-guará, anta e tamanduá-bandeira. Medidas de proteção, aliadas à presença de áreas de cerrado ainda preservadas, que contribuem para a recuperação da vegetação nativa, e abriga animais que podem voltar a colonizar áreas em regeneração, são importantes para a volta dos animais.

O Parque Estadual Veredas do Peruaçu foi criado em 1994 e ocupa 31,2 mil hectares, a maior parte no município de Cônego Marinho (MG). De acordo com Ferreira, ele tem condições privilegiadas, por ser uma área protegida, com brigadas e onde praticamente não há ocorrência de fogo. “Além da proteção que favorece a regeneração, essa região tem uma baixa densidade de população humana e ainda mantém grandes manchas de cerrado”, afirma.

Fonte: http://www.oeco.org.br